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XXIIICG - A Profecia da Vida Religiosa

em 01/10/2014 | 00h00min

XXIIICG - A Profecia da Vida ReligiosaO dia 30 de setembro foi enriquecido pela presença de Dom José Rodriguez Carballo, OFM, Secretário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.

Na Celebração Eucarística, durante a homilia, recordou a finalidade de um Capítulo geral que é sempre um momento de discernimento comunitário no qual são tomadas decisões para viver com paixão o presente. Convidou, portanto, as Capitulares para viverem este evento como um «kairós», interrompendo o caminhando para em seguida retomá-lo, com energia e coragem, fiéis ao carisma.

Ele ofereceu três pontos para a reflexão. O primeiro foi o convite a ser mulheres de fé, sem considerá-la como óbvia, mas redescobrindo a confiança no Senhor e o confiar-se ao Senhor: «A fé seja para vocês critério de discernimento – disse -, seja o Senhor a iluminá-las e vocês, deixem-se iluminar». O segundo ponto da reflexão salientou o testemunho da beleza da vida fraterna. «O testemunho da vida comunitária é um sinal profético», continuou, destacando que a fraternidade exige olhar o outro na sua realidade concreta de pessoa criada à imagem e semelhança de Deus. Falando ainda da vida fraterna evidenciou como esta deve sempre mais tornar-se humana e humanizante: «Uma vida consagrada que não nos faz mais homens e mais mulheres não é evangélica». O terceiro ponto é uma exortação a ser mulheres de esperança. Esta não é tão somente otimismo, que se baseia sobre as nossas forças, mas nasce da fé em Cristo para quem tudo é possível.

Em seguida, as Capitulares se reuniram na sala capitular onde Dom Carballo ofereceu uma reflexão sobre o tema: “A profecia da Vida religiosa no horizonte da Evangelii Gaudium” procurando responder a algumas perguntas fundamentais.

Iniciou apresentando a atual situação da Vida Consagrada e afirmou: «A VC vive o seu momento decisivo e o seu futuro, que já é o seu presente: dependerá muito se levarmos a sério este momento, que é um kairós, uma oportunidade de crescimento, de profunda renovação. E para que isto aconteça é necessário entrar em um clima de discernimento e de lucidez. O que isto significa? Significa tomar a situação nas mãos e como nos diz “Vita Consecrata”, fazer uma opção que responda à vontade de Deus, considerando o aqui e o agora. O discernimento não é entre o bem e o mal: isto não serve para nós porque já fizemos uma opção, mas é acima de tudo saber distinguir entre o que responde à vontade de Deus e o que é contrário à sua vontade (VC n 73)».

Ele considerou então o que provoca mal-estar na Vida Consagrada: «Faz-nos sentir mal uma vida consagrada autorreferencial, voltada sobre si mesma, mais preocupada em sobreviver do que em anunciar a boa notícia. Nós somos feitos para uma missão, se perdemos a missão perdemos o sentido. Uma vida consagrada preocupada mais com os números do que com a significatividade, mais com as obras do que com o ser “profecia”; mais preocupada com o “sempre fizemos assim” do que em ir até as periferias. Uma vida consagrada acorrentada, caracterizada por uma “anemia espiritual”, à qual falta o entusiasmo profundo e por isso se fecha na mediocridade, que não permite viver o presente com paixão nem olhar o futuro com esperança. A mediocridade não pode ser a medida da Vida Consagrada. E ainda uma Vida Consagrada caracterizada pela preguiça, por aquele descontentamento crônico (EG 277) que seca a alma, que paralisa qualquer tentativa de fidelidade criativa e que leva a um cansaço tamanho que se transforma em “insatisfação”».

Depois de indicar os motivos de alegria para a Vida Consagrada, ou seja, a grande coerência de vida e a missão de tantos consagrados, a fidelidade, coerência e santidade, o forte desejo de radicalidade evangélica, a consciência eclesial, concluiu: «É urgente uma Vida Consagrada que se sinta em caminho. Um caminho onde os consagrados estão “centralizados” em Cristo, com sede de vida fraterna autêntica, “concentrados” na dimensão essencial do próprio carisma e “descentrados” para ir em missão pelo mundo”.

No final da colocação houve um momento de diálogo com o relator que possibilitou o aprofundamento de alguns aspectos destacados. As Capitulares continuaram a reflexão e, na parte da tarde, à luz deste input continuaram o trabalho sobre o primeiro núcleo do tema capitular nas Comissões.

Fonte: Redação